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O jornalismo que não se vende por likes

Por: Michelle Oliveira - Jornalista MTB:66.744/SP.
schedule Tuesday, 29/07/2025 as 20:40

Em tempos de tecnologia acelerada e redes sociais que gritam por atenção a cada segundo, o jornalismo vive um de seus maiores desafios: permanecer ético, apurado e comprometido com a verdade. Converso com você, leitor, não apenas como jornalista, mas como cidadã que observa, dia após dia, o impacto direto da desinformação travestida de notícia.

Hoje, qualquer um com um celular na mão se diz comunicador. E embora todos tenham o direito de se expressar, há uma linha muito clara — traçada pelo Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros — que diferencia a liberdade de expressão do exercício do jornalismo profissional. Essa linha é o compromisso com a verdade factual, com a apuração das fontes, com o direito à resposta e com o cuidado ao relatar histórias que afetam vidas reais.

Em nosso dia a dia, temos visto o surgimento de “aventureiros da notícia” — pessoas que, por vaidade ou busca de reconhecimento instantâneo, atropelam a ética para ser os primeiros a publicar, mesmo sem checar. São aqueles que trocam farpas públicas como adolescentes magoados, quando deveriam estar lado a lado na missão de informar. O resultado é um cenário onde o jornalismo vira palco de disputa pessoal e egos inflados, quando, na verdade, deveria ser espaço de escuta, equilíbrio e serviço à sociedade.

Um exemplo recente ocorreu aqui mesmo, em nossa cidade: um desentendimento entre um casal dentro de um comércio foi transformado em manchete de terror. Tudo isso sem sequer ouvir os envolvidos ou verificar os fatos. Era uma mistura de boato com ficção, jogada em rede aberta como se fosse verdade absoluta. A consequência? Um comerciante local — que gera emprego e renda para dezenas de famílias — poderia ser prejudicado pela irresponsabilidade de quem não ouviu, não checou e não pensou nas vidas por trás da notícia.

Relembro também o emblemático caso da escolinha base, nos anos 90, quando uma denúncia precipitada destruiu reputações e afetou profundamente a vida de inocentes. Ali, a ausência de apuração e a pressa em publicar geraram um dos maiores erros já cometidos pela imprensa brasileira. A lição que fica é clara: não há jornalismo sem responsabilidade. O in loco, o ouvir de todas as partes, o cuidado com a linguagem e até mesmo a humildade em publicar uma errata, quando necessário, fazem parte de um trabalho sério.

É lamentável quando, ao esclarecer um fato — como fiz recentemente em uma live, após 18 anos de campo — sou alvo de ofensas gratuitas por parte de quem deveria estar do mesmo lado: o da verdade. Ao buscar evitar um prejuízo maior à imagem de um comerciante, me tornei alvo de críticas injustas inclusive de perfis falsos em redes sociais, algumas delas carregadas de preconceito e até bullying. Mas mesmo diante disso, sigo acreditando que jornalismo não se faz com birra, mas com apuração.

Aqui muito se fala em “jornalismo vendido” e de fato ele existe.  Entretanto, o verdadeiro jornalismo trabalha lado a lado com o cidadão — aponta erros, denuncia abusos, também valoriza conquistas, reconhece boas ações e não transforma qualquer ruído em escândalo.

A busca por likes, por visualizações, por ser o “primeiro a postar”, tem levado muitos ao desespero e à distorção. Mas é preciso lembrar: credibilidade não se conquista com números. Se constrói com constância, transparência e responsabilidade.

Não estamos aqui para competir notícia. Nosso foco é o cidadão. O jornalismo de verdade não se alimenta de disputa, mas de propósito. Nossa missão é informar, esclarecer, ouvir todos os lados e, acima de tudo, não abrir mão da ética. Porque notícia se apura. E o respeito se cultiva.

Cordialmente ao lado da verdade, mesmo quando ela dói.

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