As queimadas que assolam o interior de São Paulo não têm apenas destruído a vegetação, mas também causado grande impacto na fauna local. Além de comprometer o habitat natural, os incêndios estão atingindo diretamente os animais silvestres. Em resposta a essa crise, o Departamento de Fauna Silvestre do Estado de São Paulo montou uma rede de reabilitação para salvar animais afetados pelo fogo.
Até o momento, 26 unidades de reabilitação estão em alerta, prontas para atender animais resgatados das chamas ou que foram atropelados ao tentar escapar dos incêndios, situação comum nas rodovias próximas às áreas afetadas. A cidade de Santa Bárbara do Oeste é a mais nova a integrar essa importante rede de salvamento.
Essa ação faz parte do gabinete de crise instaurado pelo Governo de São Paulo para combater os incêndios que já atingiram 45 cidades. O centro de reabilitação, localizado no Parque Ecológico Tietê, em São Paulo, já recebeu 17 animais resgatados. Entre eles, o caso mais grave foi de um tamanduá-bandeira, espécie em extinção, que recebeu o nome de Vitória. A fêmea adulta sofreu queimaduras de terceiro grau nas patas e no focinho, e, devido ao estresse extremo, suas funções vitais ficaram severamente comprometidas.
Segundo a diretora do Departamento de Fauna Silvestre, Isabella Saraiva, essa rede de atendimento é crucial para garantir o bem-estar e a sobrevivência dos animais atingidos. “Fizemos contato com todos os centros autorizados de triagem e reabilitação localizados em diversos municípios paulistas, e todos se prontificaram a colaborar gratuitamente. Veterinários, zootecnistas, biólogos e nutricionistas estão em estado de alerta para receber os resgatados”, afirmou Isabella.
Cetras: A Base de Atendimento para Animais Vítimas das Chamas
O Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), localizado no Parque Ecológico Tietê, é o principal ponto de atendimento dessa rede. As demais unidades são distribuídas em várias cidades, e atuam sob autorização do Estado para receber, identificar, cuidar e reabilitar os animais antes de devolvê-los à natureza.
Além dessas unidades, clínicas particulares e entidades terceirizadas também foram acionadas, muitas oferecendo atendimento gratuito para os casos emergenciais. Profissionais especializados em fauna silvestre estão engajados na missão de resgatar os animais afetados pelas queimadas.
Isabella Saraiva também orienta a população sobre como agir ao encontrar animais feridos ou debilitados. “A orientação é não tocar no animal e imediatamente entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental (190), o Corpo de Bombeiros (193) ou a Guarda Municipal para que o resgate seja realizado de forma segura”, explicou. Em caso de atendimento em clínicas não especializadas, é essencial que os animais sejam encaminhados para as unidades do Cetras.
Essa rede de apoio é uma medida emergencial importante para preservar a vida selvagem e mitigar os impactos ambientais causados pelas queimadas. A mobilização rápida e coordenada tem sido fundamental para salvar vidas e, aos poucos, devolver esses animais ao seu habitat natural.